sexta-feira, 4 de maio de 2012

Obesidade Mental

Obesidade Mental 

O prof.  Andrew Oitke publicou o seu polêmico livro «Mental Obesity», que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.
Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna.
«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.
Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»
Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono.
As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas.
Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.
Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema.
Os telejornais e telenovelas são os hambúrgueres do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.»
O problema central está na família e na escola.
«Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate.
Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por alguns desenhos animados, videojogos e pasme-se, telenovelas de gosto mais que duvidoso.
Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.»
Um dos capítulos mais polêmicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres", afirma:
«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. 
A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.»
O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polêmico e chocante.
«Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»
Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.
«O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.
Todos dizem que a Capela Sistina tem teto, mas ninguém suspeita para o que ela serve.
Todos acham que Saddam é mau e Mandela é bom, mas nem desconfiam porquê.
Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto».
As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.
«Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência.
A família é contestada, a tradição esquecida, a educação abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia.
Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.
Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam.
É só uma questão de obesidade.
O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.
O mundo não precisa só de reformas, desenvolvimento, progressos.
Precisa, sobretudo, de dieta mental.»

3 comentários:

  1. Muito importante e considero correto o que está escrito, Jorge. Acredito que chegamos na era da banalização, como tanto temia. Aproveitam-se sim, das desgraças e em cima delas fazem seus comentários e o que é pior: o ser humano está carente mentalmente de assuntos, então precisa se ocupar com algo. E o que é ótimo para ele, pasmem, passar o tempo e esquecer de seus problemas através do roubo, do sequestro, da separação, enfim, do que acontece na vida dos outros, de preferência que seja açgo ruim, porque prende a atenção e por momentos fica acima de sua vida, que deveria estar preocupado. Por outro lado situações belas não dão ibope, infelizmente. Agora, ninguém aproveita para derrubar uma Copa em função da falta de "tudo" aqui no Brasil.Só reclamam quando morre alguém.Então acho que a culpa ou êrro, não sei, é de toda uma sociedade, mais uma vez.Lindo e bem elaborado o Blog....parabéns.....Glaucia....

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  2. Palavras pertinentes e dignas de criteriosa consideração!

    Do início ao fim, o autor nos exorta com argumentos fundamentados a um renovar de consciência e de atitudes. Entretanto, esta frase tornou-se enfática para mim: "O problema central está na família e na escola." Não podemos dar as costas para ele, criando evasivas "adiposas". As soluções devem, igualmente, surgir nas famílias e nas escolas, começando por cada um de nós!
    É só colocar a parte "sarada" da mente para funcionar...
    Eu ainda tenho uma porção "magra" e você?...srsrsr
    Ivana

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  3. Os estabelecimentos de ensino, podem instruir, mas só o instituto da família pode educar.O que estamos fazendo com o que já sabemos?

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