sábado, 1 de novembro de 2014

Nota de Falecimento do Ontem



Faleceu no inicio desta madrugada, à meia noite em ponto, o "Dia de Ontem", que segundo algumas pessoas, já fora tarde, e para outros, deixou saudades imensas, um gostinho de realização inesquecível.
Para algumas pessoas, o dia de ontem demorou demais para passar, foi longo e tedioso, marcado por momentos de dor e sofrimento, para outros passou rápido demais porque marcou o nascimento de mais uma vida, a descoberta do amor, a possibilidade de um novo emprego, a esperança de uma nova amizade.
O dia de ontem será lembrando por algumas pessoas, pela dor ou pelo amor, mas muitos não conseguem reter sequer uma lembrança do dia, não se lembram sequer o que comeram no café da manhã, outros nem tiveram o prazer de fazer uma refeição.
Muitos guardarão impressões para sempre, porque o dia de ontem marcou o fim de um antigo relacionamento, a morte de um ente querido, a demissão do emprego tão necessário nessa época, a reprovação naquela prova tão importante, a briga familiar que deixou todos com vergonha de si mesmos, e outros estão dormindo rindo, sonhando com anjos, pois no dia de ontem realizaram um sonho...
No meio dessa notícia da morte do dia de ontem, Deus em sua generosa misericórdia, manda-nos a Boa Nova todos os dias, sempre no primeiro minuto após a morte do dia de ontem: nasce o "Dia de Hoje", onde todos nós, invariavelmente temos a oportunidade de marcar com as nossas atitudes, essa data para sempre, com alegria ou tristeza, com amor ou revolta, com mais trabalho ou preguiça, com desejo de mudar ou conformismo de sempre.
Ai está o nosso presente: o "Dia de Hoje" que se renova em esperanças, na certeza de que somos nós mesmos, os donos do dia, de cada minuto que nos compete trabalhar, e por isso mesmo, o sol que se levanta brilha para todos, mas é preciso que você saia da sombra e o busque para aquecer seu coração para este dia seja mais do que uma lembrança, seja inesquecível e para sempre, o dia mais feliz da sua vida.
Acorda! O dia de hoje é o seu maior presente.
Vai deixar escapar assim, sem mais nem menos?
Autor: Paulo Roberto Gaefke

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Algo em que acredito...


Se alguém se sente incomodado com sua presença, é porque conhece seu brilho, sabe da sua força, inveja seu caráter e teme que os outros vejam o quanto você é melhor e sua alma mais evoluída. Não é a aparência, é a essência. Não é o dinheiro, é a educação e a honestidade. Não é a roupa é a atitude e o bom caráter.
Isso é o que realmente importa...!!!

quinta-feira, 24 de abril de 2014

DESEJO DE CONSTRUIR



Os sentimentos de culpa e indignação são quase lugar comum, hoje em dia.

Sempre acreditei que era aqui que iriam acontecer as grandes e positivas mudanças.

Mas tanta violência, injustiça e corrupção só fazem desmentir este pensamento.

Gostaria muito de reconsiderar toda essa situação e rever minhas posições.

Nesses dias de tantos medos e desconfianças, em que, cada vez mais o ser humano sente necessidade de trancar tudo o que tem, trancando-se a si mesmo, a história mostra que só fazemos sentido a partir do outro.

É no outro que encontramos forças para superar nossas perdas e adversidades.

É no outro que ganhamos fôlego e inspiração para viver.

Porque, só no “coletivo”, projetamos nossos sonhos e nos realizamos.

Que consigamos sair deste deserto a que estamos submetidos e, atravessando-o, possamos chegar à "Terra Prometida"; ao modelo de convivência e de sociedade que pensamos e desejamos ver em nosso país.

Será que conseguiremos? Eu ainda acredito que sim. Afinal, acreditar não faz de ninguém um tolo. Tolo é quem mente.

Crescimento é um processo de experimentação, no qual as falhas são tão parte do processo quanto os sucessos.

Desejo que as falhas, os erros, nos ensinem e nos permitam construir uma sociedade melhor, mais evoluída, mais educada, mais humana.

Afinal, como bem disse José Saramago: "A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver".

Que aproveitemos este tempo, por mais fugaz que seja, nesta missão construtiva...!!!
Jorge Paulo

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A utilização espúria de uma tragédia



Reproduzo e compartilho o texto do colega Samuel, o qual trata da utilização de um triste acontecimento, que é a morte de uma pessoa, de uma forma torpe e tendenciosa:
Sinceramente, neste momento vejo a baixeza de certas pessoas.
Estão, deliberadamente, usando a morte de alguém para fazer uma nefasta generalização.
Ninguém está emocionado com a passagem de Santiago, estão usando este episódio grotescamente, sem responsabilidade, vergonhosamente, para fazer uso do silogismo falacioso e criminalizante.
É perceptível quando não se detém em pedir a prisão do culpado, mas sim a criação de leis antidemocráticas, procedimentos policialescos, por fora da lei, criminalizando não o elemento que causou a morte do jornalista, mas unindo-se numa cruzada conservadora.

Ou o que foi o senador Tião Viana, do PT, ir à tribuna exigir a aprovação urgente de uma lei, de outro senador do PT em conluio com o sobrinho do Edir Macedo que torna, pasmem, manifestação e greve crimes de terrorismo!!! Não bastasse isso, Eduardo Cardozo recebe um projeto de Beltrame pra tornar manifestação crime tipificado.
Mas apurar as centenas de feridos e mortos pela polícia, só nas manifestações, nada! Nenhuma comissão, nenhuma nota, nenhum reclame das instituições agora chocadas e com sangue nos olhos. Apurar os milhares, eu disse milhares, de mortos pelas policias destes Estados, isso eles não querem e não falam. Sequer o tal regulamento de atuação das PMs em manifestações cumpriram!
Se houvesse esse padrão, prometido por Cardozo, Grella e Beltrame e não cumprido, a polícia não poderia ter feito sexta como faz há meses nas ruas e há anos nas favelas. Não teria iniciado uma guerra que terminou com o revide de um rapaz inconsequente, ocasionando uma vítima colateral que pagou com sua vida.

Me desculpem, mas não sou Datena. Não vou vir aqui pedir morte e nem tortura pra ninguém. O tal menino deve ser investigado, não pré-julgado por uma informação de um advogado de miliciano através de quintos, ou seja, conhecido do conhecido do cliente.
Não concordo com justiçamento, nem com estado de exceção. Nem pra políticos poderosos, nem para o mais humilde auxiliar de serviços gerais. Não será essa irracionalidade que trará Santiago de volta. No máximo, encobrirá sua morte numa teia de mentiras convenientes e medidas retrógradas pra democracia que Santiago ajudava a estabelecer com seu trabalho.

Querer fazer crer que sua morte foi um assassinato doloso qualificado é, não só uma aberração jurídica, mas um risco pro Estado Democrático de Direito. Assim tem se postado a OAB, algumas entidades de imprensa ponderadas e grandes juristas, constitucionalistas e cientistas políticos. E assim eu me coloco também, desde o princípio.
Me assusta não a ânsia vingativa de parte podre da imprensa, sem vergonha de explorar a morte de Santiago num circo de horrores, mas a soma de entidades, instituições e pessoas com peso no nosso jogo democrático. Líderes partidários, senadores e deputados, jornalistas independentes e principalmente uma massa acéfala de militantes, que vai para onde o vento da conveniência sopra, sob o álibi de serem meros reprodutores irrefletidos das ordens insensíveis de seus capas.
Saem do particular para o geral, assim como fazem o movimento de volta sem se importar com a coerência e a responsabilidade histórica que carregam em suas insígnias. Um acidente ocasionado pelo uso temerário de explosivos se constituiu em ato criminoso fatal, culposo, imerso em um mar de questões sociais que o construíram. Mas estes agentes sociais querem apagar toda a problemática social e transformar em mais uma novela vazia de programa da Sônia Abrão, um misto de filme de quinta de detetive.
Agora, se Santiago nos deixou, os problemas que levaram a sua morte não. E é com esses que nós, analistas sociais e militantes políticos devemos nos preocupar. Evitar novos Santiagos é também evitar novos Fernandos, Gleices e tantos outros no anonimato da hipocrisia. É buscar a causa e a dinâmica, não o agente. O agente é caso de polícia. A causa e a dinâmica é que afeta a sociedade.
Tirar conclusões sociais objetivando vingança contra o rapaz é não só errado e infrutífero, como catastrófico. É assinar embaixo de novos incidentes fatais. Não é a adesão a leis ditatoriais ou a adoção de uma cultura de 40 anos atrás, criminalizadora, conservadora e perversa com as minorias que nos ajudará no aperfeiçoamento da democracia, pelo contrário.

Eu estou me juntando aos que cobram, sem falsa modéstia, consciência aos recentes Datenas de plantão. Sua fúria e seus interesses políticos imediatos são nocivos à boa investigação do caso e à boa resolução do problema social em que o pais está mergulhado.

Usar o partido em seu aniversário para liderar uma cruzada repressora digna dos generais não é o caminho. Culpar os erros e acertos dos manifestantes pela morte de um trabalhador também não. Fazer separações moralistas entre joio e trigo no seio da população nunca levou a nada a não ser guerra civil ou regime ditatorial.
Assim também arrancar a fatalidade do contexto em que se deu é uma grave ofensa à memória do cinegrafista, que estava ali justamente para tentar oferecer à sociedade transparência do que ocorria. Ele estava ali, pois perguntas como o porquê daquelas manifestações, o quem daquelas manifestações e tantas outras estavam sendo feitas pela democracia, e continuam ainda sem reposta.

Porque o povo repudia mortalmente os partidos? Porque preferem Fernandinho Beira-Mar a Renan Calheiros? Porque não acreditam mais no sistema político? Porque não acreditam nas instituições, todas elas, desde a AGETRANSP, passando pelo TCM, Câmara, prefeito, chegando ao Congresso, justiça e mesmo presidencial? Isso deve ser normal?
As revoltas DIARIAS de passageiros, quebrando trens que os sufocam e torturam, que matam e roubam a dignidade popular, tomam proporções cada vez mais extensas. A vida social está convulsada, o cidadão não tem mais paciência nem motivos para tê-la com nenhum elemento de mediação democrática. E os elementos democráticos citados pouco se importam com tal estado desruptivo. Sociólogos, juristas, cientistas políticos, parlamentares, jornalistas e tantos outros denunciam a gravidade do problema, que já não é teórica, é sensível, mas são ignorados pela crença de que da pra aguentar um pouquinho mais antes de tudo ruir.

As grandes cidades vivem em constante crise. Nos encontramos em debates quando por algum motivo alguns indivíduos chegam ao limite e extravasam, mas ignoramos a tensão diária de quem pega trem, quem procura um hospital, quem não encontra escola, quem não tem casa ou emprego. Só os percebemos em seus últimos gritos, quando nos afetam com sua indignação. Até lá, brincamos de instituições, nos gabamos por projetos cosméticos, por discursos que falam de coisas que não sentimos, não vivemos, não procuramos viver sequer um dia.

Preferimos acorrer em caçar a revolta do oprimido. Separamos o joio do trigo ao medir com uma régua o nível de revolta, o grau de civilidade que a dor não lhe tirou. Estamos mais dispostos a jogar a revolta popular, incontrolável e crescente, no mesmo saco dos erros individuais e calá-la arrogantemente com nossos esquemas teóricos falidos e rejeitados.
Vemos o sofrimento e a indignação e nos apresentamos soberbos com nossas respostas, sem sequer notar que nossas respostas já estão sendo queimadas na ira popular há tempos! Chegamos com nossa empáfia cega e nos assustamos com nossas bandeiras em chamas, e preferimos virar as coisas e dizer: "esse povo eu não quero, volto quando houver outro."

Lamento dizer, mas este é nosso povo, está é nossa sociedade, estes são nossos problemas. As mesmas repostas não geram resultados distintos. Os métodos e teorias não devem exigir que a realidade se ajuste a eles.

Prender Fábio, Caio, Elisa ou seja lá quantos forem não vai reduzir a dor popular, não vai mitigar o sofrimento diário, e assim, não vai conter a revolta. Enfiar goela abaixo nossos sistemas falidos em uma sociedade que já deixou claro, aos milhões, não mais querê-los só vai nos afastar das causas sociais e das possibilidades de concretizar nossos objetivos de justiça social.

Espero mesmo uma reflexão daqueles que foram tomados,repentinamente, por um fazer político típico de nossas elites: usar os danos colaterais do sistema opressor para sobre-oprimir aqueles que tentam escapar a esta opressão.

Nem o justo pesar por uma vida, nem o apego a uma ideologia axiomática, muito menos o corporativismo raso e a politicagem rasteira justificam usar da morte de Santiago pra sustentar uma ordem que leva centenas de Santiagos diariamente.
Samuel Braun